terça-feira, 1 de setembro de 2009

A minha vida... o meu blog...


«Com os anos, comecei a ficar obcecado em construir coisas. Coisas que ficassem depois de mim: filhos, casas, fotografias, livros, reportagens, viagens, histórias que eu pudesse contar e partilhar com os outros. E, de cada vez que concluía uma coisa, passava a outra e assim sucessivamente, como se tentasse ultrapassar o próprio tempo. Tirando o silêncio, a solidão e o espaço, tirando o tempo gasto nisso, todo o resto do tempo que não fosse passado a construir coisas novas parecia-me um desperdício de vida. Consumia-me uma febre insana de caminhar sempre em frente, ao mesmo tempo que tentava preservar, como coisa preciosa, a memória de todos os dias felizes que tinham ficado para trás»

In No teu deserto, de Miguel Sousa Tavares

Ainda tenho umas quantas «coisas» para construir... e outras tantas para escrever...
A «febre» insana também a sinto... todos os dias...

4 comentários:

utopista disse...

Em boa verdade nada nos livros que lemos, nos filmes que vemos, nas canções que ouvimos, nos dizem nada de novo; coisas que não tivéssemos sentido, ou vivido, ou desejado. Apenas mudam os cenários e as personagens. A diferença essencial está na expressão, na exteriorização (que não fomos capazes de criar). E isso faz toda a diferença.
E essa "febre insana" dá-me uma sensação pesada de incapacidade, por não conseguir revelar o que sinto, com a mesma intensidade e júbilo que o sentimento.
Como posso exteriorizar o sussurro do vento?

CarlaSofia disse...

Olá K, estou a ver que estás a gostar bastante do livro. Esse ainda não li, mas estou a ficar curiosa.
Quanto ao trecho escolhido, é interessante a ideia de que fazemos algo ou construímos coisas, no sentido de nos perpetuarmos. A arte é aliás, isso mesmo, uma forma de nos tornarmos imortais.
Um beijo para ti, feito de estrelas

Rui Lança disse...

Bem, começo a gostar do livro antes de o ler. Parecem aquelas pessoas que começamos a gostar delas antes de as conhecermos.

Essa 'ideia' de deixar algo para um sempre infinito...quase que como a dividir a sobrevivência do nosso sangue e depois um misto de arte e vontade.

Eu continuo à espera de um livro teu...com a certeza que o mesmo iria contagiar as pessoas que o lessem, como um daqueles virus poderosos. Abraço e até sempre!

PSousa disse...

Amigos,
o livro está lido (tem apenas 125pp) e aqui vou deixando alguns apontamentos do que gostei...
O livro lê-se de um trago é muito leve e eu gostei de encontrar diversas afinidades com a minha vida... como faço em tudo o que toca o meu dia-a-dia.

Obrigado Carla, Mano e Rui pelos vossos comments que engrandecem sempre o meu blog!

Beijos e Abraços