quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Triângulo Obsceno

Eu traio
Tu trais
Ele trai
«Toda a gente é capaz de trair», diz uma pessoa que conheço... tento provar-lhe por palavras e exemplos, que isso não é exactamente assim... talvez falte acrescentar à frase: «não quer dizer que o faça».
Tempos atrás, fiz uma estatística sobre os que me rodeiam... e o resultado não era nada simpático...
Engraçado como vemos as coisas sob diferentes perspectivas, consoante o ângulo que ocupamos no triângulo...

Se traímos, se ajudamos a trair, se somos traídos... acho que já os ocupei todos...
Mais engraçado ainda (ou sem piada alguma), é estar no papel de espectador e ouvir alguém a dizer que se sentiu muito mal quando foi traído(a) e lá temos o nosso sentido de compaixão a vir ao de cima...
Posteriormente sabemos que esse mesmo alguém... que se augura ser incapaz de trair, esteve com outrém enquanto amante (chamemos-lhe assim?)... mas nesse momento, nenhum pensamento que estava a «estragar» algo, que provavelmente até já estaria estragado, lhe ocorreu...
As relações humanas são fantásticas, não? Love it!
Desde que não seja nada connosco... tudo impecável!
A soma dos quadrados dos catetos é igual à hipotenusa, é um teorema para (e de) Pitágoras...
Tentar fazer destes triângulos algo de rectângulo, é bem diferente...
Depois do equilátero, do isósceles, do escaleno... o obsceno...
Diferentes ângulos, diferentes perspectivas, igual realidade...
ou serão diferentes realidades?

12 comentários:

Rui Lança disse...

Temos de ir correr! :)

Gelo disse...

eu ia chumbando a trigonometria...
mas sei desenhar círculos :)

bem, na realidade, consegues transformar dois triângulos num rectângulo, por isso há sempre esperança e há sempre uma perspectiva diferente para cada situação, sendo que o obsceno para ti não o será para o presidente da África do Sul, por exemplo...

Ainda que eu partilhe dos teus valores, como bem o sabes, na realidade, se nos colocarmos fora dos vértices do triângulo, podes conseguir compreender que a perspectiva é toldada pelos sentimentos, pelos interesses, pelos problemas, pelos receios e frustrações 'and so on and so on' e o mesmo problema é diferente consoante o analises a partir de um vértice ou a partir do centro, ou de um ponto situado fora. O mais giro, é que a mesma pessoa, pode situar-se no mesmo vértice, em momentos diferentes e ter perspectivas diferentes.

E porque não há-de ser assim? Não estaremos nós a querer formatar a realidade ao nosso modelo, à nossa realidade pessoal/cultural, aos nossos desejos? Eu faço-o constantemente, mesmo que parte do meu modelo me faça questionar o que eu faço e o que os outros fazem e, mesmo que o questione, estarei sempre agarrado a uma framework que me define enquanto ser pensante.
E quem diz que não é assim engana-se.

abrs

Anónimo disse...

umbigos diferentes. ;)

Lou Salomé disse...

Já tivemos esta conversa e já sabes a minha opinião! Estive nos três vértices... se bem que "ser traída" não foi bem o que aconteceu...mas chamemos-lhe assim, porque falamos de triângulos!!
Na verdade, a parte que se torna mais leve para mim é "ajudar numa traição" desde que esteja suficientemente fora dos contornos da verdadeira história amorosa. Já o fiz e sem falsos moralismos não me arrependo!
Foi com alguém muito importante na minha vida e com quem apenas gosto de relembrar a "estória" que poderia ter dado frutos não fosse eu saber desde logo que ele seria assim "de uma no geral e de todas/algumas em particular" (se é que me faço entender).
Verdade seja dita... não o repetiria com a mesma leveza com mais ninguém e sempre que um homem me atraí procuro logo sinal de aliança :-) paranóia, pois hoje em dia ela tira-se com enorme facilidade!
Quando era adolescente acreditava que fosse possível amar sem traições, cedo aprendi que a linha era ténue e embora ainda continue a desejá-lo, estou longe de avistar essa realidade que já me parece ficcionada!
Viverei sem pensar muito nisso... desde que a pessoa me faça feliz, é o que mais me importa, porque ninguém é de ninguém! Digo eu!!

PSousa disse...

Rui, temos mesmo!
Deixa passar a maldita surdez e eu volto mesmo a sério!

Abraço, Amigo!

PSousa disse...

Meu caro Gelo,

a opinião e a decisão, como a (não) consciência, é de cada um...

Sem falsas censuras, nem medíocres juízos de valor...
Como divagamos e somos directos... podemos divergir... sempre que nos apetece ;)

Quanto ao obsceno... básico trocadilho semântico... ( lado marketeer ao de cima)...
Não gosto de lados iguais, logo o mais próximo de mim... é o escaleno (e não obsceno)... mas prefiro evitá-los...
Prefiro o segmento de recta ;)

PSousa disse...

Mana,

certíssima, as usual (não tivéssemos nós falado sobre isto ;))

Narciso?

PSousa disse...

Lou,

isto dá «pano para mangas»... ou nem por isso e é apenas fruto da realidade diária e das nossas e das vivências dos que nos rodeiam...

Talvez retome este tema sob o prisma do género... acabei de ler uma dissertação interessante sobre o tema...

Ou talvez não retome e escreva apenas sobre o que nos faz felizes ;)

Bj doce

utopista disse...

Ulálá... isto é um triângulo... bicudo. E cortante?!... Há conceitos que derivam de normas e padrões societários. E são bons enquanto acrescentam. E são maus, se reduzem. A traição, como a fidelidade, e outros, não fogem a esta realidade. Como ando dizendo: se os meus dogmas e normas me excluem da realidade, o que eu acabo mudando não é a realidade.

Sparkle disse...

Tema complexo e interessante.
Para mim é cada vez mais claro que a fidelidade das pessoas só existe a si próprias.
A monogamia é para poucos, só para os muitos “evoluídos”, os que não se alimentam daquelas emoções rápidas que passam como um tornado ou da necessidade de afecto, mas sim de um estar complacente e inteiro, não fragmentado em pedaços de amor que podemos dar e receber de toda a gente ou estilhaçado no puzzle do sexo animalesco que faz o numero de parceiros aumentar a possibilidade de propagação da espécie.
PS: Adorei o sentido de compaixão, uma vez que a compaixão é colocarmo-nos na pele do outro, sem pena, o que é muito diferente e muitas vezes confundido.;-)

PSousa disse...

Mano, vou mudar-me ;)

Abraço

PSousa disse...

Sparkle, gosto de acreditar que ainda se pensa no outro como único... apesar de todos os dias me provarem (também já provei) que isso é uma excepção que confirma a regra...
Quanto à compaixão... é sentida e não deturpada, no que a mim me toca...
Sinto-me um priveligiado, pelos Amigos reconhecerem isso e me procurarem quando o seu momento não é o melhor... tantos se confessam que até alguém me disse para ir para padre... prefiro acreditar que sou apenas um bom Amigo, como tantos outros...

Bj