quinta-feira, 3 de setembro de 2009
O Deserto da Solidão
«Todos têm terror do silêncio e da solidão e vivem a bombardear-se de telefonemas, mensagens escritas, mails e contactos no Facebook e nas redes sociais da Net, onde se oferecem como amigos a quem nunca viram na vida.
Em vez do silêncio, falam sem cessar; em vez de se encontrarem, contactam-se para não perder tempo;
em vez de se descobrirem, expõem-se logo por inteiro: fotografias deles e dos filhos, das férias na neve e das festas de amigos em casa, a biografia das suas vidas, com amores antigos e actuais. E todos são bonitos, jovens, divertidos, "leves", disponíveis, sensíveis e interessantes. E por isso é que vivem esta estranha vida: porque, muito embora julguem poder ter o mundo aos pés, não aguentam nem um dia de solidão.
Eis porque já não há ninguém para atravessar o deserto. Ninguém capaz de enfrentar toda aquela solidão.»
In No teu deserto, de Miguel Sousa Tavares
Dá que pensar, não?
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10 comentários:
...quantos de nós não pensam "mas que raio se passa que já é quase hora de jantar e não recebi nenhuma sms hoje?"...dá que pensar sim, sem dúvida
...se reencontrei amigos dos tempos de liceu e daí vieram os projectos em comum, as idas a concertos, inaugurações de exposições, jantares e muitos, muitos cafés de fim de tarde, se partilho experiências com colegas de profissão (ou não) que estão algures por Algeciras ou Lausanne, se aviso a família via msn que não chego a horas de jantar (...porque todos têm horários enlouquecidos, ninguém se encontra em casa para sentar e conversar...)
...o que é certo é que os artigos técnicos dos tempos de faculdade continuam por organizar, o puf ao lado da pilha de livros a ler continua por estrear, as macros dos principais trabalhos por emoldurar...só para mencionar as questões mais superficiais
...parece um dado adquirido que cada vez temos menos tempo para pensar em "arrumar a casa" (muito além do significado literal) e arrumá-la de facto, mas até que ponto não nos vamos conscientemente escapando ao "cleaning day" quando optamos por mais uma hora de comentários às fotos do fim-de-semana?
...viciada no facebook me confesso, assim como num par de blogs, mas nada como um passeio à beira-rio para fazer o "reset" ao sistema (os telemóveis ficam em casa!)
Ui, ui... dá mesmo que pensar... é uma forma de projectarmos aquilo que queremos que seja visto, acaba por ser uma aparência controlada!
BJKa
P.S. Tu absorves o livro... o MST devia dar-te comissão ;)
sabes que o deserto é vestígio de mar de outrora?
a mim, encanta-me a imagem do deserto pk acho q a nossa existencia é essa caminhada, na qual ansiamos pelo oasis da felicidade mas temos de trilhar sofrimento, solidão mas tb companheirismo na sombra para podermos sobreviver.
bj grnd p ti :)
namaste, K
Cátia,
não creio que venha mal ao mundo a utilização da tecnologia desde que isso não sirva para mascarar aquilo que somos e se tenta passar uma imagem que não corresponde à realidade...
também eu tenho o puf por estrear, na mesma posição da sala... :)
também eu tenho a casa por «arrumar»...
mais do que o rio... o mar reforça-me sempre que o vejo, sempre que o ouço... basta uma hora como no passado fds no Guincho... mas com tlm ao lado da toalha ;)
Adorei a reflexão!
Bj
Sonj,
prefiro sempre realidades a aparências... daí gostar sempre de ver os olhos dos outros (o tal «espelho da alma»)...
Aqui sou eu... tanto dá que gostem ou não, mas sempre sem máscaras...
Quanto ao MST... não recebo directamente... mas ele ajuda a pagar-me ;) mas isso não é para o blog... gostei mesmo do que li e daí a reprodução... hoje temina...
Bj
PrAia,
gosto cada vez mais do deserto... acredita!
Bj
"Sabes, apetecia-me estar lá, no deserto. Não consegui ainda habituar-me a isto."
Também tenho tentado habituar-me, F... ocupo-me, como se vê/lê ;)
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