sexta-feira, 14 de maio de 2010
Interruptor
Hoje
quando estava a sair de casa
olhei para o relógio e percebi que devias estar p'ra chegar
e então deixei a luz da cozinha acesa
porque é a que gasta menos
para que não encontrasses a casa às escuras na chegada
mas depois pensei melhor
ao chegares
vendo a luz acesa
podias pensar que eu estava em casa a fazer-te uma sandes de atum ou um cachorro
e ias ficar desiludida
porque eu estou a sair
e quando chegares já me fui
e vais sentir a mostarda ou a maionese no canto da boca
mas vai ser mentira
por isso
para não te desiludir
saio deixando atrás de mim a casa escura
para não te magoar
João Negreiros, in «a verdade dói e pode estar errada»
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5 comentários:
para não magoar, ou pk não queria mesmo vê-la e fazer a sandes de atum? :D
interessante, de qq modo.bj
clique para cima e clique para baixo... há dos dois tipos... não?!
Dispenso a sandes, Búzio... mesmo para não magoar ;)
Maninha,
bom ter-te de volta ;)
E sim, escrevia sobre alguém que me desatou o «nó mental», mas não posso esquecer quem o criou... o poema era para ela ;)
Bj
Lindíssimo este poema do João Negreiros, um dos meus favoritos seguramente... muito bem escolhido!
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