sábado, 20 de outubro de 2012

Manuel António Pina

Há quase 10 anos, conheci Manuel António Pina...
Não foi numa qualquer apresentação literária ou tertúlia, onde conheci ao longo dos anos, muitos dos ilustres autores portugueses... fruto de mero acaso, Manuel António Pina deu-me boleia, a pedido do escritor Álvaro Magalhães... má sorte não saber da sua obra, antes de entrar para o carro... grande sorte, ter partilhado um tempo parco, mas delicioso, com o escriba, que agora se ausenta da vida terrena... 
Em poucos minutos, fiquei fascinado com a sua palavra e achei que o autor devia fazer parte da mesa de jantar que iríamos partilhar... com pena nossa, Manuel António Pina, apenas fazia um favor ao seu Amigo Álvaro Magalhães... levando-nos até ao restaurante e fazendo novo favor, ao nos devolver ao hotel.
A partir daí, a minha admiração nasceu... agora que parte, fica a minha homenagem e o meu pesar, por infelizmente, não ter partilhado mais um pouco da sua vivência....
Paz à sua alma.

"A poesia não serve para coisa nenhuma. Às vezes serve para alimentar egos, para fazer uns engates... mas a poesia é inútil. Pelo menos como eu a entendo. É gratuita. Não se compra, não se vende - embora haja muita gente a vender-se através da poesia. De qualquer modo, por algum motivo, os homens escrevem poesia, desde sempre escreveram poesia, apesar de tudo isto. E apesar de a poesia ser uma igreja com muito poucos fiéis".

1 comentário:

utopista disse...

A propósito duma crónica do Lobo Antunes na Visão sobre o M.A.Pina que partilhei no meu facebook escrevi isto, que agora partilho no teu blog, mano:
"Nunca consegui ler um livro de António Lobo Antunes. Não devo tê-los todos mas quase. O primeiro que comprei (Fado Alexandrino) foi numa noite fria e solitária de Lisboa para me aquecer a alma, que o corpo aqueceu numa sessão de cinema. Com
prei-os porque ainda os hei-de ler, como leio as suas crónicas visionárias. Eu tive o privilégio de conviver algumas vezes com o Manuel António Pina. De o ouvir nas suas histórias e humor. Mas isso não fez dele meu amigo. Eu era apenas (e apenas já era tanto) o miúdo de calções de que fala Lobo Antunes. Ouvia-o e sorria anónimo. O amigo comum Agostinho Santos tinha a gentileza de me convidar e eu o prazer de anuir. Um dia o Agostinho disse-me: manda-me os teus poemas para o Pina ler. É o mandas. Aquele poeta não devia gastar o seu tempo assim. Certamente já lhe bastava perder o tempo que a vida quotidiana dum homem sempre implica, mesmo que poeta. E para além do prazer que é sempre viver com a presença de Manuel António Pina é também um prazer ler Lobo Antunes. Desculpa Graça mas percebes agora porque também o Lobo Antunes não deve perder tempo com as minhas palavras?".
E, para que saibas, estudo ao som de... delta blues.