quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Elementar, meu caro Ritchie!

Voltando à Terra... tenho tanto rascunho para completar sobre actividades neste final de ano...
Retomo a escrita, com o filme desta noite... voltarei a Pandora mais tarde...

Guy Ritchie pegou na figura de Sherlock Homes e virou-a, quanto a mim muito bem, do avesso...
Há quem vá gostar, há quem, acredito, que não goste...
Um misto de 007 (sequências de acção), CSI (análise da cena do crime), Chaplin (melhor papel de sempre de Downey Jr. e presente em alguns aspectos) e Colombo (alguém é do tempo deste detective? Eu sou!)...
Um Sherlock politicamente incorrecto, decadente, totalmente contranatura, como eu gosto... à excepção da pouca higiene evidenciada, obviamente ;)
Alguém imagina a substituição do pálido, brilhante, músico, dedutivo da televisão (do qual eu também era fã) por um three day shave, não menos brilhante, que sabe apenas uns míseros acordes de violino, com um cachimbo de Pai Tomás, lutador de Wing Tsun (para quem não souber o estilo coreográfico exibido é esse mesmo) e não boxeur?
Desconcertante... mas com um humor de piada fácil, que não demasiado óbvia... com paixão por uma mulher que dá muita luta (como podia eu não gostar disto;)...
Jude Law, acompanha brilhantemente... com um impecável estilo inglês... pelo qual o seu Amigo Holmes nutre uma amizade altamente possessiva... por aquele ter uma noiva e este não... onde é que eu já vi isto? ;)
A genialidade de Ritchie em quebrar todos os tabus relativamente a um personagem tão conhecido, rima com o talento de Downey (o papel tinha de ser dele) e com o sublime Hans Zimmer (banda sonora) do qual sou particular fã há muitos anos...
Um filme divertido para esta época do ano, já com uma sequela no prelo... o final deixa antever mesmo isso...

Podia ser diferente? Podia, mas não era a mesma coisa...

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Onde fica Pandora?

«O mundo não é verdadeiro, mas é real»
Fernando Pessoa

Natal bonito, domingo de sofrimento físico e mental, segunda de tristeza entre Amigos...
Onde será que fica Pandora?

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Happy Christmas

Não consigo resistir a escrever nesta noite...
Testemunho o verdadeiro espírito de Natal, muita alegria e felicidade repercutidas num belo concílio familiar...
Algures, onde quem passa, não passa sem lá voltar... escrevo ao som de alguns instrumentos executados por familiares que muito aprecio, acompanhados pelas vozes de toda a família que adoro...
Alguém pensa em prendas? Apenas na prenda que é estarmos reunidos...
Que o vosso Natal seja, no mínimo, tão bonito quanto este...

So this is Christmas
And what have you done
Another year over
And a new one just begun
Ans so this is Christmas
I hope you have fun
The near and the dear one
The old and the young

A very merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear
And so this is Christmas
For weak and for strong
For rich and the poor ones
The world is so wrong

And so happy Christmas
For black and for white
For yellow and red ones
Let's stop all the fight

A very merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear

And so this is Christmas
And what have we done
Another year over
And a new one just begun

Ans so this is Christmas
I hope you have fun
The near and the dear one
The old and the young

A very merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear
War is over
If you want it
War is over
Now...


John Lennon

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A Essência

A essência da vida são os outros.
A nossa época é-lhe contrária por várias estupidezes. As pessoas vangloriam-se de ser independentes, individualistas, auto-suficientes, egocêntricas, únicas, solitárias, livres. Dizem: «Quero lá saber o que os outros pensam!» sem perceber a terrível vaidade que isso implica.
Para ter uma noção do pouco que valemos, basta subtrair ao que somos o que aprendemos, o que lemos, o que vivemos com os outros. É só ver o que fica. Coisa pouca. Sozinho quase ninguém é quase nada. É somente juntos que podemos ser alguma coisa. A verdade é que devemos tudo a quem já deu, já morreu, já disse, já escreveu. E a nossa felicidade devêmo-la, não a nós próprios, mas a quem vive ou viveu ao pé de nós. Será isso o que custa tanto a aceitar?
Nascemos dentro de um mundo cheio de hábitos, de conhecimentos e de poesia. Com a papa feita. Tudo existe sem o nosso esforço. Tudo já lá está antes da ideia que temos, da iniciativa que tomámos. Temos literaturas, histórias, línguas, regras sociais, tecnologias. Uma bela herança, feita das coisas que os outros nos deixaram. Não foi por serem generosos – foi porque viviam connosco. Os outros são a nossa vingança, a nossa moralidade, a nossa inibição.
No pouco tempo em que vivemos e trabalhamos, limitamo-nos a acrescentar um ponto ou outro à soma que já existe. Um dia morremos. A morte é o preço que se paga pelo facto de vivermos tão facilmente. Pelo facto de não termos que inventar a língua que se fala, de não escrevermos os livros que se lêem, de não fazermos o pão que se come, de não sermos obrigados a estabelecer e a negociar as regras com que se vive.
Os outros são a sorte que nos cabe, são o azar que nos calha. São o nosso último recurso e a nossa primeira obrigação. Esta é a essência da sociedade. Enriquecemos quando os outros são ricos, empobrecemos quando eles são pobres. Deixemo-nos de betices. O sentimento mais importante de todos é a solidariedade.
(…) Não podemos ser vaidosos nem egoístas. Temos de nos sentir mais sozinhos. A saudade tem muito para nos ensinar. Entre o que temos e o que nos dão, não parece haver escolha possível. Mas há. Podem dar-nos pouco, mas para começo, não temos praticamente nada. O que temos, temos de dar. É pela dádiva que justificamos - isto é, tornamos justo, o que temos.
(...) Os outros são a nossa única justificação possível. Segui-los e servi-los, por questões de sabedoria e sentimento, é a nossa mais maravilhosa oportunidade.
O essencial é amar os outros. Pelo amor a uma só pessoa pode amar-se toda a humanidade. Vive-se bem sem trabalhar, sem dormir, sem comer. Passa-se bem sem amigos, sem transportes, sem cafés. É horrível mas uma pessoa vai andando.
Apresentam-se e arranjam-se sempre alternativas. É fácil.
Mas sem amor e sem amar, o homem deixa-se desproteger e a vida acaba por matar.
Philip Larkin era um poeta pessimista. Disse que a única coisa que ia sobreviver a nós era o amor. O amor. Vive-se sem paixão, sem correspondência, sem resposta. Passa-se sem uma amante, sem uma casa, sem uma cama. É verdade, sim senhores.
Sem um amor não vive ninguém. Pode ser um amor sem razão, sem morada, sem nome sequer. Mas tem de ser um amor. Não tem de ser lindo, impossível, inaugural. Apenas tem de ser verdadeiro.
O amor é um abandono porque abdicamos, de quem vamos atrás. Saímos com ele. Atiramo-nos. Retraímo-nos. Mas não há nada a fazer: deixamo-lo ir. Mais tarde ou mais cedo, passamos para lá do dia a dia, para longe de onde estávamos. Para consolar, mandar vir, tentar perceber, voltar atrás.
O amor é que fica quando o coração está cansado. Quando o pensamento está exausto e os sentidos se deixam adormecer, o amor acorda para se apanhar. O amor é uma coisa que vai contra nós. É uma armadilha. No meio do sono, acorda. No meio do trabalho, lembra-se de se espreguiçar. O amor é uma das nossas almas. É a nossa ligação aos outros. Não se pode exterminar. Quem não dava a vida por uma amor? Quem não tem um amor inseguro e incerto, lindo de morrer: de quem queira, até ao fim da vida, cuidar e fugir, fugir e cuidar?
Posso dizer uma verdade? A minha maior qualidade é o meu Amor, é a minha família, são os meus amigos, é a minha pátria, são os meus colegas. São os meus antepassados, são os exemplos que me deram, são os meus livros. Eis a essência da vida, de qualquer vida: a minha maior qualidade são os outros. É esta a maior qualidade de qualquer outra pessoa.
A minha maior qualidade é depender dos outros, é preocupar-me com o que pensam, é ser influenciado pelo que dizem. Eu não sou quase ninguém. Eu sou só um. Os outros são quase tudo. São quase todos. A minha maior qualidade é não querer, saber que não posso, safar-me sozinho. É sentir-me sozinho quando estou sozinho, preso pelo amor que me prende. É sentir-me incompleto. Os outros dão-me vida. A minha maior preocupação é conhecê-los, servi-los, conservá-los, merecê-los.
A essência da vida está fora de nós. Está nos outros todos juntos, sem lugar, sem tempo, sem saber como. A única coisa que temos é o Amor.

In Último Volume, de Miguel Esteves Cardoso

Depois de um fim de semana como o último, apetece dizer:
Culto, Leegend? Sem dúvida! Culto da Amizade!
MEC (d)escreve-o melhor que ninguém...
Os Amigos dão-me Vida!
Obrigado aos que ajudam a preencher tão bem os meus dias... e as minhas noites ;)
Feliz Natal para Todos!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Pó e Mármore

«Escreve as tuas mágoas no pó,

e as tuas conquistas no mármore»

Benjamin Franklin

Semana não aconselhável a pessoas sensíveis... 89 campas...
O menos interessante para quem lidera...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Como Esquecer

Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa – como é que se faz quando a pessoa que se precisa já não está lá?
As pessoas têm de morrer, os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece?
Devagar. É preciso esquecer devagar.

Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas!
É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso primeiro aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa, esta moínha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados, se tivessem apenas o peso que têm em si, isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.

Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.
Porque é nos momentos em que estamos mais cansados ou mais felizes que sentimos mais a falta das pessoas que amamos? O cansaço faz-nos precisar delas. Quando estamos assim, mais ninguém consegue tomar conta de nós. O cansaço é uma coisa que só o amor compreende. A minha mãe. O meu Amor. E a felicidade. A felicidade faz-nos sentir pena e culpa de não podermos partilhar. É por estarmos de uma forma ou de outra sozinhos que a saudade é maior.
Miramar, by K
Mas o mais difícil de aceitar é que há lembranças e amores que necessitam do afastamento para poderem continuar. Afonso Lopes Vieira dizia que Portugal estava tão mal que era preciso exilar-se para poder continuar a amar a pátria dele. Deixar de vê-la para ter vontade de a ver. Às vezes a presença do objecto amado provoca a interrupção do amor. É complicado o curto-circuito, o encurralamento, a contradição que está ali presente, ali, na cara do coração, impedindo-o de continuar.
As pessoas nunca deveriam de morrer, nem deixarem de se amar, nem separar-se, nem esquecer-se, mas morrem e deixam-se e separam-se e esquecem-se. Custa aceitar que os mais velhos, que nos deram vida, tenham de dar a vida para poderem continuar vivos dentro de nós. Mas é preciso aceitar. É preciso aceitar. É preciso sofrer, dar uns murros na mesa, não perceber. E aceitar. Se as pessoas amadas fossem imortais perderíamos o coração. Perderíamos a religiosidade, a paciência, a humanidade até.
Há uma presença interior, uma continuação em nós de quem desapareceu, que se ressente do confronto com a presença exterior. É por isso que nunca se deve voltar a um sítio onde se tenha sido feliz. Todas as cidades se tornam realmente feias, fisicamente piores à medida que se enraízam e alindam na memória que guardamos delas no coração. Regressar é fazer mal ao que se guardou.
Uma saudade cuida-se. Nos casos mais tristes separa-se da pessoa que a causou. Continuar com ela, ou apenas vê-la pode desfazer e destruir a beleza do sentimento, as pessoas que se amam mas não se dão bem só conseguem amar-se quando não se dão.
Mas como esquecer? Como acabar com aquela dor? É preciso paciência. É preciso sofrer. É preciso aguentar.
Há grandeza no sentimento. Sofrer é respeitar o tamanho que teve um amor. No meio do remoinho de erros que nos revolve as entranhas, da raiva, do ressentimento, do rancor – temos de encontrar a raiz daquela paixão, a razão original daquele amor.
As pessoas morrem, magoam-se, separam-se, abandonam-se, fazem os maiores disparates com a maior das facilidades. Para esquecê-las, é preciso chorá-las primeiro. Esta é uma verdade tão antiga que espanta reparar em como ainda temos esperanças de contorná-la. Nos uivos das mulheres nas praias da Nazaré não há «histerias» nem «ignorância» nem «fingimento». Há a verdade que nós os modernos, os tranquilizados, os cools, os cobardes, os armados em livres e independentes, os tanto-me-fazes, os anestesiados, temos medo de enfrentar.
Para esquecer uma pessoa não há vias rápidas, não há suplentes, não há calmantes, ilhas nas Caraíbas, livros de poesia – só há lembranças, dor e lentidão, com uns breves intervalos pelo meio para retomar o fôlego.
Esta dor tem de ser aguentada e bem sofrida com paciência e fortaleza. Ir a correr para debaixo das saias de quem for é uma reacção natural, mas não serve de nada e faz pouco de nós próprios. A mágoa é um estado natural. Tem o seu tempo e o seu estilo. Tem até uma estranha beleza.

Nós somos feitos para aguentar com ela.
Podemos arranjar as maneiras que quisermos de odiar quem amamos, de nos vingarmos delas, de nos pormos a milhas, de lhe pormos os cornos, de lhe compormos redondilhas, mas tudo isso não tem mal. Nem faz bem nenhum. Tudo isso conta como lembrança, tudo isso conta como uma saudade contrariada, enraivecida, embaraçada por ter sido apanhada na via pública, como um bicho preto e feio, um parasita de coração, uma peste inexterminável, barata esperneante: uma saudade de pernas para o ar.
O que é preciso é igualar a intensidade do amor a quem se ama e a quem se perdeu. Para esquecer, é preciso dar algo em troca. Os grandes esquecimentos saem sempre caros. É preciso dar tempo, dar dor, dar com a cabeça na parede, dar sangue, dar um pedacinho de carne.
E mesmo assim, mesmo magoando, mesmo sofrendo, mesmo conseguindo guardar na alma o que os braços já não conseguem agarrar, mesmo esperando, mesmo aguentando como um homem, mesmo passando os dias vestido de preto, aos soluços, dobrado sobre a areia da Nazaré, mesmo com muita paciência e muita má vontade, mesmo assim é possível que não se consiga esquecer nem um bocadinho.
Nazaré, by K
Quanto mais fácil amar e lembrar alguém – uma mãe, um filho, um grande amor – mais fácil deixar de amá-lo e esquecê-lo. Raio de sorte, ó lindeza, miséria suprema do amor. Pode esquecer-se quem nos vem à lembrança, aqueles de quem nos lembramos de vez em quando, com dor ou alegria, tanto faz, com tempo e com paciência, aqueles que amámos com paciência, aqueles que amámos sinceramente, que partiram e nos deixaram, vazios de mãos e cheios de saudades.
E quando alguém está sempre presente? Quando é tarde. Quando já não se aguenta mais. Quando já é tarde para voltar a trás, percebe-se que há esquecimentos tão caros que nunca se podem pagar. Como é que se pode esquecer o que só se consegue lembrar? Aí, está o sofrimento maior de todos. O luto verdadeiro. Aí está a maior das felicidades.

In Último Volume, de Miguel Esteves Cardoso

Muitos me perguntam como se esquece, quase todos os dias/noites...
Nem eu próprio tenho resposta alguma... porque não esqueço... os bons momentos que vivi...
MEC talvez a tenha...

Regressar à Nazaré... uma certeza, para breve...

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Re(a)lações II ou Futile rules?

Eu sei que sou exigente...
e em vez de aligeirar essa «carga»...
a minha tendência... ao longo dos anos tem sido para exigir mais...
de mim e dos outros... sobretudo no campo profissional...
No capítulo pessoal, apesar de tudo, o nível de exigência não é exactamente o mesmo...
Cruzo-me com muita futilidade...
Quantos têm capacidade para se abstrair do seu normal dia-a-dia, muitas das vezes enfadonho...?

Algumas pessoas que fui conhecendo ao longo dos últimos tempos, leia-se ano e meio, vivem completamente viradas para dentro...
só se vêem a si próprias...
só vêem o seu trabalho...
e a vida triste que levam, sem se darem conta disso...
E o mais estranho é que invejam outros que optaram pelo salto para um vazio de incertezas...
há quem lhe chame liberdade, mas o meu conceito de ser livre é bem diferente...

No campo afectivo então, tudo é pastilha elástica...
o sabor desaparece rapidamente e a vontade de deitar fora, é mais que muita...
Até porque assim provam-se diversos sabores... Será que não se podem encontrar esses ditos numa única relação?
A ligeireza da decisão é na maioria dos casos, a imperatriz...

Eu sei, eu sei...
há honrosas excepções... felizmente...
Infelizmente, não são muitas... demasiado poucas, para meu gosto...
e confirmam a regra do momento:
Futile rules, a par da mentira que apetece...

Apetece, mesmo? Parece...
Por exigência, não se pode pedir a ninguém que se torne seu refém...
A liberdade é valor que prezo cada vez mais, para mim e para os outros...
Mas, o sentimento por alguém é, hoje, algo demasiado passageiro...
Vejo o que não gosto, daqueles que não espero...

Mas porque devo esperar alguma coisa dos outros?
Afinal, eu não sou deste mundo...

P.S. Este post foi escrito em Abril, no mesmo dia do primeiro desta sequência... Ficou guardado no baú, até achar que era o momento certo...
Hoje é o dia...
Estamos a chegar ao Natal, mas há coisas que me fazem esquecê-lo, por momentos...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Sagitário Cabalístico


(...) Sagitário (Keshet em hebraico) quer dizer arco-íris, as sete cores básicas que constituem o espectro da Luz.
(...) É um signo de fogo e está intimamente ligado ao elemento ar, o que significa que os Sagitários são propulsionados como um foguete, pelo fogo, por uma força que surge das profundezas do seu espírito. Devido a esse fogo interior, procuram constantemente desafios e riscos.
(...) A única coisa que lhes interessa é porem-se a si mesmos à prova.
(...) Os Sagitários necessitam de sentir pressão para terem êxito. A pressão alimenta-os. Sem ela, perdem interesse rapidamente.
Quando surge uma oportunidade para a aventura, os Sagitários atiram-se a ela: quanto mais impossível for a tarefa, maior é o seu entusiasmo. Aproveitam todas as oportunidades para desempenhos heróicos e esforçam-se constantemente por superar os seus limites.
Os Sagitários procuram o prazer quase a qualquer preço. Querem gratificação instantânea e obtêm-na, correndo riscos e enfrentando os seus medos. Por esse motivo, os seus pensamentos e acções não se concentram na meta em si, mas na forma de obter o máximo prazer no que empreenderam. Ainda que não tenham a intenção de fazer mal, o seu interesse está em porem-se à prova e podem ser insensíveis às dúvidas e medos de quem os rodeia. Para os Sagitários, é uma questão de honra enfrentar todos os desafios e, geralmente, fazem-no encantados. Todavia, se fracassarem, persegue-os a culpa e revivem várias vezes o acontecimento.

(...) Gostam de aprender, mas não gostam de rigidez, seja de que tipo for, e procuram formação em cenários não convencionais. Amam a liberdade e não podem estar muito tempo no mesmo lugar. Preferem explorar novos horizontes, física e intelectualmente. Esse instinto nómada influi também nas suas relações. Os Sagitários necessitam de «redescobrir» periodicamente os seus parceiros. Se vêem que aparece a rotina na relação, torna-se-lhes difícil continuar.
Os Sagitários são intransigentes e extremamente críticos do seu comportamento. Uma das suas virtudes é que procuram sempre os seus próprios defeitos e assumem imediatamente a responsabilidade pelos seus actos e erros. Nunca culpam os outros, não têm ressentimentos, perdoam depressa e até podem acabar por se concentrar unicamente nas suas próprias insuficiências e fracassos.
Todos e cada um dos erros que um Sagitário comete gravam-se-lhe na memória para referência futura. (...). Mais, aprendem com os erros dos seus amigos e integram essas experiências no seu próprio desenvolvimento. Vêem tudo como uma oportunidade para aprender e progredir.
(...) Eles experimentam milagres durante toda a sua vida e, de facto, vivem à espera deles.
Para os Sagitários, há sempre um «final feliz».

In »Astrologia Cabalística e o Significado das Nossas Vidas»

Demasiado próximo da verdade até para um céptico como eu...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A primeira vez...

«(...) Não há garantias.
(...) É apenas certo que te materializaste a distância suficiente para que te abraçasse. Depois, pareceu-me que o teu corpo cabia perfeitamente nos meus braços.
(...) Vai ser na minha casa. Vamos estar a beijar-nos no sofá.
(...) Podes morder-me a língua. Podes morder-me onde quiseres.
As minhas mãos. Tu ainda não conheces bem as minhas mãos. Sei que tens uma ideia sobre elas, mas ainda não as conheces muito bem. Eu próprio me surpreendo com elas frequentemente. As minhas mãos vão procurar as formas do teu corpo. Gosto de começar por perceber a dimensão das coisas. Vou segurar-te nos ombros, nos braços, na barriga de lado, nas ancas e nas pernas.

A escolha destes lugares não tem nada a ver com a procura de um crescendo, com uma gradação que, no seu auge, chegue a lugares mais íntimos e/ou pornográficos. Aliás, não chegarei a estes lugares pela escolha, mas sim pelo instinto. Eu conheço os meus instintos, os bons e os maus, os que me fortalecem e os que me enfraquecem. Gosto de todos, não os contrario, todos fazem parte de mim, sou todos eles.
Mais, nos teus ombros, braços, barriga, ancas e pernas estarei já inteiro.
(...) Contigo, não consigo estar longe de ti. Contigo, apenas sou capaz de estar contigo.
(...) Vou querer abrir os olhos para, em instantes, ver o teu rosto. Vou querer guardar essas imagens paradas, fotografias do teu rosto.
(...) O meu corpo pesado, lançado pelos meus braços para o teu lado. Quanto tempo passou? Onde estamos? Enquanto recuperarmos a respiração, estaremos cheios de perguntas.
(...) Tudo estará bem se, semanas ou meses após termos feito sexo pela primeira vez, estivermos juntos a rir ou a sorrir.
(...) Se assim for, se assim não for, espero que a memória deste texto seja a memória destes dias e que, dessa maneira, seja algo de bom, que nos faça bem, e que, nesse futuro, sozinhos ou acompanhados por rostos que agora desconhecemos, sejamos capazes de um sorriso que mais ninguém entenda e que não tentaremos explicar a ninguém.»

De José Luís Peixoto, "Como imagino a primeira vez que fizermos sexo",
in "Em Busca da Felicidade - Dez histórias"


Como diz o realizador Fernando Lopes, também a minha «realidade supera largamente a ficção»...
E pensar que li este texto apenas ao final da tarde e todas as palavras parecem encaixar na perfeição...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

E o próximo ano vai ser assim...

Não o faço por menos...

High, higher than the sun
You shoot me from a gun
I need you to elevate me here
At the corner of your lips
At the orbit of your hips
Eclipse, you elevate my soul

I've lost all self control
Been living like a mole
Now going down, excavation
I and I in the sky
You make me feel like I can fly
So high, elevation

A star lit up like a cigar
Strung out like a guitar
Maybe you could educate my mind
Explain all these controls
I can't sing but I've got soul
The goal is elevation

A mole, living in a hole
Digging up my soul
Going down, excavation
I and I in the sky
You make me feel like I can fly
So high, elevation

Love, lift me out of these blues
Won't you tell me something true
I believe in you

A mole,living in a hole
Digging up my soul
Now going down, excavation
I and I in the sky
You make me feel like I can fly
So high, elevation

Elevation...
Elevation...
Elevation...
Elevation...
Elevation...
Elevation...


Elevation, by U2

Continuem preparados para coisas extraordinárias!
Obrigado a tantos e tantos Amigos que, nunca sendo demais, se lembraram de mim neste dia...
Obrigado a todos por existirem... sem Vocês, a Vida não teria sentido!

Carpe Diem

P.S. 21:15 GMT - segundo o Senior, é a minha hora ;)

30-6, against my odds


Take a look at me now...