No início era a Luz... forte, intensa, quase a cegar quem para ela olha de frente...
Depois a escuridão...
Um homem habita a sua claustrofóbica célula de Vida... em contagem decrescente, como a realidade...
O espaço que é dado, é o ponto de partida... mas há uma tendência natural, para o esmagamento... que pode ser próprio, ou do meio que nos rodeia...
A pressão e a opressão que nos circunda...
por vezes aliviadas, sem se saber porquê... outras... pela nossa própria resistência...
Há momentos em que apetece lutar contra as paredes que se erguem... empurrá-las como se não houvesse amanhã...
Outros, em que a resistência é insignificante, valendo a capacidade de adaptação,
a correcção do posicionamento,
a modificação do movimento...
testando as nossas capacidades de contorcionismo...

mesmo que nos faça ver o mundo ao contrário...

Há alturas, em que se perde a cabeça e mesmo assim não se perde a postura...

tentando encontrar uma direcção para o que entendemos ser correcto...

Por vezes, queremos segurar o mundo nos ombros...
mas isso não dura muito...
No início era a Luz...
No final, a escuridão... a revelar que, por vezes, não faz sentido lutar contra o céu que se abate sobre nós próprios...
Essa luta é um mero adiamento de uma realidade que nos esmaga...
Uma performance extraordinariamente elegante, virtuosa, intensa e subtil de Pierre Rigal.
Adorei!