terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Re(a)lações II ou Futile rules?

Eu sei que sou exigente...
e em vez de aligeirar essa «carga»...
a minha tendência... ao longo dos anos tem sido para exigir mais...
de mim e dos outros... sobretudo no campo profissional...
No capítulo pessoal, apesar de tudo, o nível de exigência não é exactamente o mesmo...
Cruzo-me com muita futilidade...
Quantos têm capacidade para se abstrair do seu normal dia-a-dia, muitas das vezes enfadonho...?

Algumas pessoas que fui conhecendo ao longo dos últimos tempos, leia-se ano e meio, vivem completamente viradas para dentro...
só se vêem a si próprias...
só vêem o seu trabalho...
e a vida triste que levam, sem se darem conta disso...
E o mais estranho é que invejam outros que optaram pelo salto para um vazio de incertezas...
há quem lhe chame liberdade, mas o meu conceito de ser livre é bem diferente...

No campo afectivo então, tudo é pastilha elástica...
o sabor desaparece rapidamente e a vontade de deitar fora, é mais que muita...
Até porque assim provam-se diversos sabores... Será que não se podem encontrar esses ditos numa única relação?
A ligeireza da decisão é na maioria dos casos, a imperatriz...

Eu sei, eu sei...
há honrosas excepções... felizmente...
Infelizmente, não são muitas... demasiado poucas, para meu gosto...
e confirmam a regra do momento:
Futile rules, a par da mentira que apetece...

Apetece, mesmo? Parece...
Por exigência, não se pode pedir a ninguém que se torne seu refém...
A liberdade é valor que prezo cada vez mais, para mim e para os outros...
Mas, o sentimento por alguém é, hoje, algo demasiado passageiro...
Vejo o que não gosto, daqueles que não espero...

Mas porque devo esperar alguma coisa dos outros?
Afinal, eu não sou deste mundo...

P.S. Este post foi escrito em Abril, no mesmo dia do primeiro desta sequência... Ficou guardado no baú, até achar que era o momento certo...
Hoje é o dia...
Estamos a chegar ao Natal, mas há coisas que me fazem esquecê-lo, por momentos...

14 comentários:

Rui Lança disse...

Excelente post...bem, deves estar a ler a mente de muita gente sobre esta temática. Bom e bom.

Aquele abraço!

sininho disse...

o que vale é que «para os Sagitários, há sempre um 'final feliz'». ;)

Gelo disse...

"Mas porque devo esperar alguma coisa dos outros?"

O momento em que não esperares nada dos outros é o momento em que ficarás só.

Por isso, hei-de sempre esperar alguma coisa dos outros, boa ou má.

Abraço,

CarlaSofia disse...

Olá K, na verdade o ser humano é complexo, muito complexo; quando na verdade devia simplificar...
as pessoas vivem relacionamentos desonestos, demasiado ligadas ao aspecto material da vida. Acho que há de facto uma crise de valor e de Amor!
Mas isto é o meu lado mais pessimista... porque no fundo eu ainda acredito que o amor existe.
beijinhos*

sonjita disse...

Não vemos todos o mundo com os mesmos olhos e nem todos o vivemos da mesma forma... sim, banaliza-se tudo... masca-se a pastilha e deita-se fora, já nada é eterno e o para sempre é utopia... mas ainda há os românticos que acreditam que vale a pena mascar mais um pouco para reavivar o sabor e acrescentar conservantes para que ele perdure :)

... pelo menos assim espero!!!

BJKa Grd

PSousa disse...

Nem imaginas quanto, Rui!
Obrigado, Amigo ;)

PSousa disse...

Sininho,

apesar de ter reproduzido isso, prefiro dizer hoje em dia: para mim, HÁ momentos felizes.
Se fosse feliz, não era um final

;)

PSousa disse...

Gelo, enganas-te... posso não esperar nada dos outros, mas eles darem na mesma... por outro lado, eu adoro dar...

Abraço

PSousa disse...

Carla, a crise existe e rodeia-nos... cabe a todos aqueles que verdadeiramente a sentem, tomar a iniciativa de demonstraar que pelo seu (nosso) lado... ela não vencerá!

Amor, sempre!

Bj doce

PSousa disse...

Sonj,

eu sou dos que acredita...
sem necessidade de aditivos (corantes ou conservantes)... voltando à publicidade:
o que é natural, é bom...
;)

Bj

A Respigadeira disse...

"só vêem o seu trabalho..." Hum... não sei porquê, mas isto tocou-me... :-D

K,
como sempre*, andamos em sintonia. Tenho andado a reflectir sobre a vida e sobre os que me rodeiam e chego à conclusão que vivemos todos num mundo espelhado. Vivemos obcecados em transmitir uma imagem que não corresponde ao nosso EU, tentamos impor um poder que não temos, submetemo-nos a regras que vão contra a nossa natureza. A liberdade é algo que apregoamos, mas que pouco sentimos.
Não é fácil ir contra os ditames sociais porque as consequências são, às vezes, penosas, mas vale a pena lutar. Falo por experiência própria.

Beijo

*Sempre, sempre, talvez não! :-D

PSousa disse...

Clara, gosto do quase sempre... embora não seja de quases ;)
Concordo igualmente contigo... vejo todo um mundo de aparências que é aquele que habitamos... e vejo o choque que provoco nas pessoas por dizer o que penso, seja no trabalho, seja na vida pessoal*...
Houve tempos em que não era exactamente assim, mas é passado que não se repete...
Adoro ser «politicamente incorrecto», mas essa é a faceta de provocador que existe desde que me conheço ;)

Beijo para a Leoa com que tenho aprendido mais...
;)

Sparkle disse...

Os que supostamente só se vêem a si próprios não terão na verdade uma cegueira que não lhes permite sequer ver-se e, não sabendo o que é ver, de tanto tactear são estranhados por quem vê outros mundos e outras cores?
A inveja não será apenas um questionar: “e se?” acompanhado por um “deixa estar” e depois um “mas porque é que me fazes sentir mal por eu não conseguir/ter a tua coragem, vontade?”.
O mastiga e deita fora emocional não será mais que incapacidade e/ou carência, daí a busca?
Não esperar nada. Aceitar. Dar e receber. Não será isso o verdadeiro amor?

PSousa disse...

Sparkle,

a necessitar rever «Ensaio sobre a Cegueira», rapidamente... era prenda para outros, mas fica para mim...

Não sei se lhe chamo coragem... pode ser até um acto de loucura... premeditado... mas não troco o que vivi em 2009 por uma bonomia de vida que se arrastaria, apenas porque sim...

O mastiga e deita fora é uma circunstância do que vivemos, já diziam os Táxi em tempos idos que relembro com a alegria de quem apenas celebrava cada momento... a reaprender...

Sempre gostei mais de dar... mas sim, se conjugado com o verbo receber, atingimos o sentido da palavra Amor...

Bj