domingo, 22 de março de 2009
Che - O Argentino
Há alguns dias, alguém me que conhece há 35 anos disse-me, perante a apresentação de um determinado filme...
"Sei que este não vais perder!"
Estava certa...
Ideologias à parte, há muitos anos que sigo o que se escreve do médico argentino, de seu nome Ernesto Guevara de La Serna, dito 'Che' (equivalente argentino do 'pá' português) que se converteu em guerrilheiro, na Sierra Maestra e que antes disso fez algo que é um desejo meu... empreendeu uma odisseia de moto pela América do Sul (eu gostava de o fazer pela Europa), retratada em «Motorcycle Diaries» de Walter Salles...
Uma vida rica em episódios que durou apenas 39 anos...
Steven Soderbergh retrata duas fases da mesma em «Che» uma obra de mais de 250 minutos dividida em 2 («O Argentino» e «Guerrilha»), baseada nos escritos de Che:
«Pasajes de la guerra revolucionaria» (livro acabado de lançar pela Tinta da China)
e «Diários da Bolívia»...
Retenho também a biografia que devorei há 10 anos atrás, de Pierre Kalfon...
Mas detenhamo-nos apenas no filme que vi há dias...
Soderbergh, intervala a presença de Che nas Nações Unidas, com a sua intervenção em Cuba, desde o primeiro contacto com Fidel (extraordinariamente representado por Demian Bichir ao nível dos tiques, da voz e até da versomilhança física) em estilo quase documental...
Revela-nos um homem de carne e osso e não o mito criado a posteriori, alguém que sofre brutalmente com a sua dificuldade física (asma), com uma humildade difícil de encontrar num líder...
a humildade pessoal de quem sabe que ainda tem a aprender, aceitando o que Fidel lhe pede para fazer, nomeadamente, sair da frente de combate para liderar a formação de guerrilheiros, com a consciência de criar algo mais que não apenas um exército, dando-lhes verdadeira instrução...
A política quase (e bem, quanto a mim) não aparece de forma directa, embora tudo seja política no filme e neste personagem...
Eleva-se a sua dimensão humana... que deveria ser aquilo que deveríamos reter de todos os que nos rodeiam...
Benicio del Toro enriquece o personagem com uma notável personificação...
Fico a aguardar a 2.ª parte que chegará às salas em Abril...
A frase que retive do filme é uma das últimas ditas por Che:
«Aceito (o repto de Fidel para ir com ele para Cuba), mas com uma condição:
quando conseguirmos Cuba, deixas-me levar a revolução a toda a América»
Chegou a Havana com 30 anos...
Retirando mais uma vez do contexto,
gosto de pessoas que não se acomodam... e que lutam... sempre!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Concordamos. Discordamos. Mas não ignoramos. Deixou um legado, que cada um aproveita do seu modo. Da motivação para lutar à comercialização do ícone.
Este pude ver em primeira mão na abertura do Fantasporto!
Deixo outra frase que a mim me marcou, na sua língua original:
Déjeme decirle, a riesgo de parecer ridículo, que el revolucionario verdadero está guiado por grandes sentimientos de amor..
Venha a 2.ª parte!
Razão Lou, muita razão...
Essa é bem mais importante do que a que referi...
Voto nessa, muito mais do que a que escolhi...
Empresta-me os teus livros!? Quero conhecê-lo como tu o conheces.
Enviar um comentário