Desengane-se quem pensa que a estrela da Venezuela é um ex-pára-quedista, que caíu assim mesmo na governação daquela potência petrolífera...
A estrela chama-se Gustavo Dudamel (28 anos) e é apenas o melhor maestro do mundo, que a partir do Outono será o Director Musical da Los Angeles Philharmonic, ele que aos 18 se tornou Director Musical da Orquestra Simón Bolivar...
«Conheci-o» num «60 minutes», na SIC Notícias, há uns meses atrás... a ele e a...
'El Sistema', o famoso programa de educação musical em vigor naquele país, responsável por 125 orquestras juvenis que movimentam qualquer coisa como 250.000 crianças e jovens, recuperadas dos bairros mais pobres...
Aos 2 anos, mal conseguindo agarrar um objecto, é entregue a cada criança um instrumento musical...
A partir dos 5, passam a ter aulas 6 dias por semana, 4 horas por dia... e assim prosseguem até à idade adulta...
'El Sistema' tem 30 anos e passou incólume às sucessivas alterações sociais na Venezuela...
Foi Dudamel e a Orquestra Juvenil Simón Bolívar que tive o prazer de ver actuar no Coliseu, no âmbito dos Concertos Gulbenkian...
Soube da sua actuação apenas na véspera, mas tive a felicidade de arranjar um bilhete de uma desistente da plateia, para um espectáculo esgotado há meses...
ADOREI!
As expectativas foram totalmente superadas...
Dudamel obriga-nos a fixar os olhos na sua performance,
ora graciosa como um bailarino clássico,
ora impetuosa como um guerreiro bárbaro...
Um verdadeiro espectáculo para os olhos e para os ouvidos...
Actuação irrepreensível durante quase duas horas, perante uma plateia extasiada... culminando com largos minutos de aplausos de pé e subitamente...
as luzes apagam-se totalmente, durante alguns segundos...
os músicos e Dudamel aparecem vestidos com as cores garridas da Venezuela, estampadas em blusões e chapéus... e a sonorida assume um cariz latino, com 'Llanera' e o 'Mambo' de Bernstein...
colocando o público em delírio, porque ao mesmo tempo que tocavam...
levantavam-se e dançavam...
a envolvência foi tão grande, que acabaram por despir as cores do seu país durante a música, enviando para a plateia as vestes acabadas de envergar...
Final com chave de ouro, para culminar o desempenho de uma grande orquestra, extraordinamente bem conduzida...
Para quem tenha curiosidade, deixo-vos um vídeo do final da actuação dos mesmos intérpretes no famoso «The Proms» em Londres, 2007...
É tão bom quando as pessoas gostam realmente do que fazem...
4 comentários:
Acho que terminaste com a chave da questão: "gostam realmente do que fazem..."
Não é por acaso que em tudo que colocamos um pouco de amor/paixão, nos parece sair tão bem, não é por acaso que andamos todos à procura disso...
Pela descrição acho que deve ter sido sensacional!!!
Arrisco-me a dizer que não foi por acaso que houve uma desistência! :-)
Lou, foi mesmo fantástico...
Long time que não via música clássica...
E sim... algo me fez ir à Gulbenkian, apesar de ter a informação de concerto esgotado...
Amor/paixão sim... em quase tudo o que fazemos... e lá conseguia viver de outra forma?
Bj
Meu anjo, já ouvi falar de tal personalidade, mas desconheço-lhe o trabalho. No entanto, confio nas tuas escolhas musicais, e deve ter sido garantidamente algo sensasional! Mais um prazer que juntas aos bons momentos na caixa das memórias. =))
Hoje, e por ser para ti, tenho The Best Latin Tango. Um momento que nos invade a mente, solta-nos o corpo e liberta-nos para um outro lado lunar! Danças?!
Beijos. Dos meus...
Att, sabes que danço... mesmo quando não posso...
;)
Beijos
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