segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Public Enemies


Michael Mann é um realizador fascinante...
sou apaixonado pelo estilo...
os seus filmes têm sempre um cariz de romantismo que eu adoro (desde Crime Story em 86!?!, passando por Last of the Mohicans, até Heat ou Collateral)...
Mantenho-me incorrigível nesse aspecto...
É também um perfeccionista... o guarda-roupa é sempre o melhor... a banda sonora de sonho (com Diana Krall em plano de destaque)...
os tiroteios são gravados com som real e na imagem usa e abusa da força das personagens com grandes planos consecutivos...
Para a sua última obra, decidiu pegar num anti-herói romântico que na Great Depression, foi «nomeado» Inimigo Público N.º1, por J. Edgar Hoover, à data líder do recém criado FBI...
John Dillinger (Johnny Depp), é um assaltante de bancos com uma determinada característica que me diz muito...
é um provocador do sistema em que está inserido...
Para o contrariar, é chamado o mellhor do Bureau, o agente especial Melvin Purvis (Christian Bale)

que, como sempre nos filmes de Mann, acaba por ocupar um papel secundário... o que também aconteceu na vida real apesar de ter sido responsável pela morte de todos os gangsters (em 1934) que assolaram Chicago na altura... deixando o FBI, um ano após os seus «feitos»...

Mann molda o personagem principal, faz dele um «Mourinho dos gangsters» (sei que não soa bem, mas talvez entendam os que virem o filme)...

a forma acintosa como dá uma conferência de imprensa, aquando da sua prisão...
a sobranceria com que entra em plena esquadra de Chicago e visita a brigada que está a trabalhar no seu caso...
e a pleia de diálogos com que somos servidos, é simplesmente divinal:
John Dillinger:They ain't tough enough, smart enough or fast enough. I can hit any bank I want, any time. They got to be at every bank, all the time. (sobre o trabalho da polícia)
John Dillinger: I like baseball, movies, good clothes, whiskey, fast cars ... and you. What else you need to know?
(a apresentar-se à sua futura namorada Billie Frechette)

Billie Frechette: What do you want?
John Dillinger: Everything. Right now.
John Dillinger: We're having too good a time today. We ain't thinking about tomorrow.
(estas últimas, poderia ser eu a dizê-las, hoje em dia!)


Não sou fã de Depp, vai bem, mas creio que Dillinger é ainda mais forte que ele... morto aos 31 anos... mas com uma estória de vida muito interessante...
Gosto de anti-heróis românticos... gosto que se apaixonem, mas não disfrutem...
e que no fim, morram, desapareçam, sejam traídos, ou não fiquem com a paixão da sua vida...
uma forma de acabar com o «felizes para sempre», que raramente existe na realidade...
Michael Mann, costuma «oferecer-me» isso... este filme não escapou à regra!

8 comentários:

sonjita disse...

Fiquei curiosa...

Obrigada pela dica ;)

BJK

Nuno Dionisio disse...

Fui ver este filme também este fim-de-semana e ADOREI a forma como conseguiram fazer 1 filme a cores e fazer com que o público fique com a sensação de que é a preto e branco...pela sobriedade, pela austeridade e seriedade das personagens, até pela capacidade de chamar a atenção da cor da saia da moça, que realmente sobressaía sobre tudo o resto!

Quanto ao comentário sobre os anti-heróis românticos, concordava genericamente contigo...até o James Bond se apaixonar por 1 mulher que o trai... e terem destruído completamente o meu estereótipo de homem fatal... piorou 1 pouco quando ele ainda quis vingar a sua morte...

Gostei muito do filme, embora ache que podiam ter explorado mais a história dele e menos o romance...ficou pelo quase filme-lamechas!

PSousa disse...

Dio, a diferença é que o Bond é um herói e não um anti, como eu (p)refiro...

O filme é um épico romântico que sobreleva a componente emocional em detrimento do fácil que seria colocar na tela muitos tiroteios e sangue a rodos... a quantidade de grandes planos faciais... revela o que se pretende... sentir o mesmo que os personagens...

Abraço, Amigo

P.S. A Suay manda beijos, acabei de chegar do jantar de aniversário dela... adorou rever-te!)

PSousa disse...

Sonj,
um estilo muito próprio, como vês no comentário acima ou se gosta ou se acha lamechas ;)

Bj

Lou Salomé disse...

Digo apenas:
Bye Bye Blackbird
;-)

PSousa disse...

E se há alguém que me consegue «ler» de forma única... esse alguém és mesmo Tu!

Bj

Anónimo disse...

:)

A D O R E I.

O filme e talvez ainda mais a maneira como é descrito e retratado neste post.

Brilhante.

BeijOoOooooOO

*PerucaMaluka* a suspirar por um "Dillinger" em perucadetule@gmail.com

PSousa disse...

Olá Peruca!

Obrigado pela visita... volta sempre que desejares...
Mail associado... ;)

Bj